segunda-feira, 5 de novembro de 2012

MT: Servidores e usuários do SUS vão às ruas contra OSS


MT: Servidores e usuários do SUS vão às ruas contra OSS 
Servidores estaduais da Saúde, lideranças sindicais, trabalhadores e usuários do SUS realizaram, nesta quarta-feira, uma manifestação pelo fim das chamadas Organizações Sociais de Saúde (OSS) nos hospitais públicos, no Mato Grosso. Para o Sindicato dos Servidores Públicos da Saúde e do Meio Ambiente do Estado do Mato Grosso, a terceirização do SUS não funcionou e já apresenta falha em alguns municípios do estado com a população tendo dificuldade para ser atendida.
A manifestação começou na Praça Ulisses Guimarães, na avenida Rubens de Mendonça e seguiu até a Assembleia Legislativa. Os manifestantes entregaram aos deputados mais um documento com milhares de assinaturas coletadas no interior do estado. “Queremos o SUS 100% público”, afirmavam os manifestantes, no plenário da Assembleia, durante a sessão ordinária. O documento foi recebido pelo presidente, José Geraldo Riva, e outros parlamentares.
Para Riva, é inconcebível a privatização de serviços essenciais como saúde e educação. O deputado afirmou que irá abrir uma série de audiências públicas para debater o tema, inclusive as principais carências do SUS.
Os trabalhadores que estão organizando a campanha defendem uma lei específica proibindo as OSS, solicitando a proibição dessa medida na Constituição Estadual. No Mato Grosso, pelo menos cinco unidades de saúde já estão sob a gestão de OSS’s, entre as quais o Hospital Metropolitano, em Várzea Grande, e quatro unidades hospitalares regionais.

STF proíbe terceirização no município do Rio de Janeiro

STF proíbe terceirização no município do Rio de Janeiro

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o fim da terceirização na área da saúde pública do município do Rio de Janeiro. A decisão foi dada no julgamento de recurso interposto pela capital fluminense contra ação movida pelo Sindicato dos Médicos do Município do Rio de Janeiro (SinMed/RJ), ajuizada em abril de 2000, que exigia o fim de serviços terceirizados na saúde.

Conforme a decisão da 2ª Turma do STF, a Prefeitura fluminense terá que demitir imediatamente os temporários e abrir concurso público para preenchimento das vagas. Cerca de 9 mil profissionais deverão deixar seus postos de trabalho em clínicas da família, unidades de pronto atendimento e hospitais municipais. Estima-se que a regularização dos cargos aconteça dentro do prazo de seis meses.

Para a conselheira, Jurema Werneck, que é do Rio de Janeiro e representa do segmento de usuários no Conselho Nacional de Saúde (CNS), “esta é uma decisão muito importante, que pode repercutir no Brasil inteiro e mudar a concepção de absolutamente tudo”. Segundo Jurema “é um absurdo que a administração municipal, em vez de contratar médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, prefira fazer contratos temporários”, destaca.

Histórico - A luta contra a terceirização da gestão dos serviços prestados nos estabelecimentos públicos de saúde já vem de longa data, o Conselho Nacional de Saúde (CNS), entre 2009 e 2010, participou de várias audiências na Procuradoria-Geral da República (PGR) para tratar da questão das terceirizações na saúde.

Em 2010, a Procuradoria-Geral da República (PGR) criou um grupo, denominado Grupo de Saúde da Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC) para manter o ativo tema e acompanhar a situação nos estados. Este grupo elaborou um documento com informações sobre o processo de terceirização, que apontou problemas de ordem prática e jurídica relacionadas à concepção do modelo.

Intitulado “Fundamentos básicos para atuação do MPF contra a terceirização da gestão dos serviços prestados nos estabelecimentos públicos de saúde” o documento trazia diversas orientações sobre como o Ministério Público Estadual (MPE) e/ou Ministério Público Federal (MPF) deveriam atuar no sentido de obstar a celebração de contratos de gestão entre os gestores do SUS e instituições privadas. À época, o material elaborado foi utilizado por vários estados, como por exemplo, São Paulo, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

“A decisão da 2ª Turma do STF não foi por mero acaso”, garante o conselheiro nacional de saúde Francisco Batista Júnior, “é fruto de muito trabalho”.  E adianta, “o Rio de Janeiro foi o primeiro, de muitos outros que ainda virão, até porque, esta decisão é histórica, uma das mais importantes do poder Judiciário”, avalia o conselheiro.

Embora a decisão do STF não impeça, de forma expressa, que as Organizações Sociais (OS) continuem gerindo clínicas de família e UPAs, entende-se que as OS ficam impedidas de contratar profissionais, ou seja, devem utilizar profissionais aprovados em concurso público.

À decisão da Corte ainda cabe o chamado recurso de revista, mas do ponto de vista jurídico, esta deliberação pode representar o primeiro passo do fim da terceirização no Brasil, destaca a conselheira Jurema Werneck.

Corrupção na área da saúde afasta prefeita de Natal

Corrupção na área da saúde afasta prefeita de Natal

         Em sua última reunião ordinária, a 238ª realizada nos dias 9 e 10 de outubro, a situação da saúde no Rio Grande do Norte foi item de pauta debatido no Pleno do CNS. À época foram relatadas situações inaceitáveis, como falta de médicos, de leitos nos hospitais e principalmente de medicamentos.

         Para solucionar a questão, na última quarta-feira, 31, a pedido do Ministério Público Estadual (MPE), o desembargador do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte, Amaury Moura Sobrinho, afastou do cargo a prefeita de Natal, Micarla de Sousa, e determinou ao presidente da Câmara Municipal, Edivan Martins, “a posse imediata” do vice-prefeito Paulinho Freire.

         Micarla de Sousa e alguns de seus secretários municipais são acusados de participar de um esquema de corrupção na gestão da Secretaria Municipal de Saúde, que foi deflagrado com a execução da Operação Assepsia.

         Operação Assepsia - A operação, realizada pelo MPE em 27 de junho, identificou fraudes nos processos de qualificação e de seleção de ONGs para a administração da UPA Pajuçara e dos Ambulatórios Médicos Especializados (AMES). Despesas fictícias nas prestações de contas apresentadas à secretaria municipal de Saúde, segundo o MP, constituíram um dos métodos para o desvio de recursos.

         No dia 11 de outubro de 2012, o MPE protocolou o pedido de afastamento. A acusação alegava “fortes indícios” de envolvimento da prefeita com o esquema fraudulento, alvo da Operação Assepsia. As irregularidades teriam ocorrido na secretaria municipal de Saúde de Natal e em outros órgãos da administração.

         Para o Conselho Nacional de Saúde (CNS) o desenrolar da situação do Rio Grande do Norte é uma manifestação importante da atuação da sociedade. Juntos, representantes de saúde estaduais e municipais, conselho estadual de saúde e Ministério Público do Estado fizeram toda a diferença para modificar o atual quadro da saúde potiguar.

Ataque ao SUS, lotação e demora


Ataque ao SUS, lotação e demora

Gestão da Saúde no município é marcada pelas péssimas condições de atendimento e por abertura ao poder privado
04/10/2012

Eduardo Sales de Lima
da Redação

O que não podia acontecer virou rotina. Demora no agendamento de consultas e corredores repletos de macas justapostas disputadas por pacientes portadores de diversos tipos de enfermidades. Eis o retrato da saúde pública no município mais rico do Brasil.
É assim que se encontra, por exemplo, o Hospital Municipal do Campo Limpo, zona sul de São Paulo, administrado pela Prefeitura. Além da falta de leitos e médicos, a UTI pediátrica do Hospital está fechada há quase dois anos.
De acordo com dados colhidos em 2011 pelo Ministério da Saúde, esse é o hospital mais lotado da cidade. A taxa de ocupação alcançou 111,5% no ano passado. Em segundo lugar está o hospital Jardim Iva, também na zona sul, com 96,9%.
Aliás, a qualidade do atendimento em postos e hospitais públicos é hoje o maior motivo de insatisfação na capital, acima até mesmo de outras áreas como educação e limpeza urbana. A saúde é apontada como o principal problema da rede de serviços municipais por 26% dos eleitores. Os números são do Datafolha.
Mais especificamente a insatisfação é grande com a demora em relação ao agendamento e realização de consultas. A população deu uma nota de 3,7 para esse sub-item, segundo pesquisa realizada pelo IBOPE Inteligência e pela Rede Nossa São Paulo, em junho deste ano.

Ataque ao SUS

   
   UBS em São Miguel Paulista - Foto: João Luiz G. Silva/Secom
Além desses problemas crônicos, a gestão Serra-Kassab aumentou o repasse dos serviços públicos de saúde ao poder privado. Depois das Assistência Médica Ambulatorial (AMA’s), Unidades Básicas de Saúde, Programas de Saúde da Família e hospitais, a última investida foi contra os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), dedicados ao atendimentos de pacientes com transtornos mentais. Sobretudo as unidades abertas a partir de 2006 foram entregues às Oss (Organizações Sociais).
Ocorre que as organizações sociais assinam contrato de concessão com o poder público e passam a administrar um serviço, recebendo uma verba pública correspondente, sem que tenham passado por licitação. Somado a isso, os contratos não são acessíveis aos conselheiros e os critérios de contratação não são transparentes.
Possuem metas contratuais, o que faz com que o atendimento médico tenha a qualidade comprometida, uma vez que a preocupação é quantidade, não a qualidade. Sob essa privatização mais sutil, o município busca não se responsabilizar pelos serviços públicos básicos.
“As OSs roubam dinheiro público”, já destacava em 2008 o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Públicos da Saúde no Estado de São Paulo (Sindsaude), Benedito Augusto de Oliveira.

Anti-democrático
No âmbito estadual, na gestão tucana dos anos de 2000 e 2007, os gastos proporcionais com as OSs cresceram 114,14%, saltando de 9,76% para 20,90% dos recursos gastos com saúde, segundo dados do Sistema de Informações Gerenciais da Execução Orçamentária (SIGEO), ligado à Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo.
A experiência com as OSs incentivou José Serra a abrir outra frente de batalha: minar a participação popular no Sistema Único de Saúde (SUS).
Em dezembro de 2007, o governador José Serra ajuizou uma Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin), com pedido de liminar no Supremo Tribunal Federal (STF), para derrubar a lei estadual que criou os Conselhos Gestores de Saúde no SUS. Os conselhos gestores têm a função de avaliar e fiscalizar os serviços de saúde prestados à população.
Sindicatos e movimentos de trabalhadores da saúde consideram esse modelo de gestão das OSs inconstitucional e que fere os princípios básicos do Sistema Único de Saúde, pois não contrata novos profissionais qualificados e concursados, precariza as relações de trabalho, não garante a integralidade e qualidade do atendimento médico, além de jogar por terra o controle social.